No primeiro momento da personagem de Kristen Stewart surge no filme Corações Perdidos (Welcome to the Rileys, no título original), o que se escuta de fundo é uma música da banda The Kills, cujo refrão diz assim: "você é uma febre, você não nasceu típica". É importante destacar a escolha da música nessa cena em particular porque é nela que se começa a construir a relação central do filme e porque o diretor Jake Scott tem um extenso currículo de produções cinematográficas sobre bandas de rock e, portanto, sua relação com a música nunca é involuntária.
De forma que a seleção desse refrão específico do The Kills para criar o encontro entre o velho homem frustrado e a jovem stripper rebelde evidencia, de cara, que temos diante de nós um filme todo trabalhado no conceito dos personagens atípicos, febris. Uma pena que, no decorrer da história, Corações Perdidos se mostre bastante típico e saudável numa narrativa de personagens em certa medida genuínos, só que tomados por um roteiro que insistentemente persegue por uma certa excentricidade.
O tema em si vem se tornando uma constante recente em Hollywood, o que em casos de roteiros mais frágeis como este, pode chegar em passo curto ao território dos clichês. Doug (James Gandolfini) e Lois (Melissa Leo) estão perto de completar 30 anos de casamento e a data é somente mais um peso no ambiente árido de dois pais que perderam sua filha quando esta tinha 15 anos de idade, em um acidente de carro. Doug tenta amenizar essa ausência com uma funcionária da lanchonete mais próxima, enquanto Lois finge que o mundo lá fora não existe e se recusa a colocar o pé para além da porta.
A insustentável leveza da perda faz com que, em uma de sua viagens a negócios, Doug decida não mais voltar para casa, avisando à sua mulher que resolveu "dar um tempo". Em Nova Orleans, ele conhece Mallory, uma stripper menor de idade que, não é difícil adivinhar, logo se transforma na filha ausente de Doug. Daí para o repertório de "você não é meu pai" dela, e "você não deve falar palavrões" dele, chegamos nesse campo minado do roteiro cheio de pose indie, mas com pouca envergadura dramática, sendo reduzido a soluções de conflito quase óbvias, facilmente deduzíveis ao longo da trama.
O filme ensaia engatar um drama mais sólido quando entra em cena a personagem de Melissa Leo, no momento em que ela decide ir até Nova Orleans a procura do marido. O cenário dos pais postiços começa a gerar alguma tensão até que, mais uma vez, caímos no lugar comum do recalque de dois indivíduos adultos que fingem estar brincando de casinha, em um momento bem Sessão da Tarde, algo que, imaginamos, definitivamente não era a intenção da produção.
E para quem espera ver Kristen Stewart em um papel "atípico" ao da mocinha virgem e apaixonada de Crepúsculo, aviso aos navegantes: mais uma vez, talvez que vitimada pela imagem de adolescente grunge, naquela atitude "tanto faz", a atriz volta a interpretar uma nova versão dela mesma, um pouco menos vestida certamente, mas ainda assim a velha jovem mocinha problemática de sempre.
Fonte: Terra
De forma que a seleção desse refrão específico do The Kills para criar o encontro entre o velho homem frustrado e a jovem stripper rebelde evidencia, de cara, que temos diante de nós um filme todo trabalhado no conceito dos personagens atípicos, febris. Uma pena que, no decorrer da história, Corações Perdidos se mostre bastante típico e saudável numa narrativa de personagens em certa medida genuínos, só que tomados por um roteiro que insistentemente persegue por uma certa excentricidade.
O tema em si vem se tornando uma constante recente em Hollywood, o que em casos de roteiros mais frágeis como este, pode chegar em passo curto ao território dos clichês. Doug (James Gandolfini) e Lois (Melissa Leo) estão perto de completar 30 anos de casamento e a data é somente mais um peso no ambiente árido de dois pais que perderam sua filha quando esta tinha 15 anos de idade, em um acidente de carro. Doug tenta amenizar essa ausência com uma funcionária da lanchonete mais próxima, enquanto Lois finge que o mundo lá fora não existe e se recusa a colocar o pé para além da porta.
A insustentável leveza da perda faz com que, em uma de sua viagens a negócios, Doug decida não mais voltar para casa, avisando à sua mulher que resolveu "dar um tempo". Em Nova Orleans, ele conhece Mallory, uma stripper menor de idade que, não é difícil adivinhar, logo se transforma na filha ausente de Doug. Daí para o repertório de "você não é meu pai" dela, e "você não deve falar palavrões" dele, chegamos nesse campo minado do roteiro cheio de pose indie, mas com pouca envergadura dramática, sendo reduzido a soluções de conflito quase óbvias, facilmente deduzíveis ao longo da trama.
O filme ensaia engatar um drama mais sólido quando entra em cena a personagem de Melissa Leo, no momento em que ela decide ir até Nova Orleans a procura do marido. O cenário dos pais postiços começa a gerar alguma tensão até que, mais uma vez, caímos no lugar comum do recalque de dois indivíduos adultos que fingem estar brincando de casinha, em um momento bem Sessão da Tarde, algo que, imaginamos, definitivamente não era a intenção da produção.
E para quem espera ver Kristen Stewart em um papel "atípico" ao da mocinha virgem e apaixonada de Crepúsculo, aviso aos navegantes: mais uma vez, talvez que vitimada pela imagem de adolescente grunge, naquela atitude "tanto faz", a atriz volta a interpretar uma nova versão dela mesma, um pouco menos vestida certamente, mas ainda assim a velha jovem mocinha problemática de sempre.
Fonte: Terra
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